Instituição
Hospital Beatriz ÂngeloAutores:
Loba, A., Melo H, Metelo C, Santos CO que foi feito ?:
Pesquisa e análise bibliográfica do perfil farmacocinético de todos os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), de modo a determinar o seu perfil de segurança durante a amamentação.
Elaboração de um guia prático, categorizado por patologia, DCI (Denominação Comum Internacional) e marca comercial de todos os MNSRM, com o respetivo grau de segurança para o latente.
Implementação de uma sessão diária de esclarecimento presencial a todas as puérperas nos Serviços de Obstetrícia do Hospital da Luz e Hospital Beatriz Ângelo (HBA), com o objetivo de promover a utilização segura de medicamentos durante o aleitamento e disponibilizar o acesso ao guia prático.
Porque foi feito ?:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de vida e como complemento da introdução de novos alimentos até aos dois anos de idade. Os dados mais recentes da Direção-Geral de Saúde (DGS) indicam que, em Portugal, mais de 98% dos bebés são amamentados antes da alta hospitalar, mas cerca de 78% destes interrompem o aleitamento materno antes dos seis meses de vida.
A ausência de informação disponibilizada pelos laboratórios farmacêuticos e o receio por parte dos pais ou até dos próprios profissionais de saúde faz com que seja frequente a suspensão da amamentação quando há necessidade das mães iniciarem alguma medicação.
Esta situação é ainda mais problemática quando se trata de MNSRM, já que o seu acesso é disponibilizado em locais em que não é obrigatória a dispensa pelo profissional de saúde.
Além disso, o inquérito de satisfação anual realizado em 2014 aos clientes do Hospital da Luz com objetivo de melhoria contínua dos serviços prestados, demonstrou que o Serviço de Obstetrícia tinha um maior grau de descontentamento relativamente à informação que lhe era prestada sobre os medicamentos.
Como foi feito?:
Recolha da listagem de todos os MNSRM comercializados em Portugal (DCI e respetivo nome comercial) através da consulta da plataforma eletrónica do INFARMED.
Análise da literatura disponível (RCM, estudos científicos e bases de dados direcionadas) e respetivas carateristicas farmacocinéticas, de modo a concluir qual o perfil de segurança de cada fármaco durante a amamentação.
Elaboração do guia “ Utilização Segura de Medicamentos durante o Aleitamento” com o grau de segurança dos MNSRM para os latentes e dicas práticas para minimizar a exposição do bebé aos fármacos.
Em 2015, a colaboração com a equipa de enfermagem do Serviço de Obstetrícia do Hospital da Luz permitiu a implementação de uma sessão de formação e esclarecimento de dúvidas a todas as puérperas no dia da vacinação dos recém-nascidos. A sessão tinha como objetivo ensinar métodos para minimizar o risco da medicação durante a amamentação, esclarecer dúvidas e divulgar o Guia Prático. Posteriormente, o projeto foi também implementado no HBA.
O guia encontra-se disponível no site de ambos os hospitais ou através da leitura do respetivo QRCode, tendo também sido divulgado através da revista trimestral do HBA.
O que se concluiu?:
Apesar dos laboratórios não realizarem ensaios clínicos que permitam incluir o perfil de segurança dos fármacos durante a amamentação no respetivo RCM, a prática clínica indica que a maioria dos fármacos não é prejudicial para os latentes.
No entanto, a ausência de informação concisa de rápido acesso dificulta a tomada de decisão, sendo responsável pela suspensão precoce da amamentação ou ausência de adesão à terapêutica por parte da puérpera por receio de prejudicar o bebé.
Desta forma, este projeto surge para responder a uma necessidade de formação de uma pool de utentes muitas vezes negligenciada a nível hospitalar, fornecendo-lhes bases essenciais relativamente à segurança da medicação durante a amamentação . Trata-se ainda de uma estratégia para promover a amamentação e atingir a meta proposta pela OMS.
O internamento hospitalar é um local privilegiado para abranger a maioria das puérperas de uma determinada região geográfica permitindo uma atuação preventiva e investindo na formação individual para que cada mãe, quando necessário, tenha as ferramentas para uma tomada de decisão consciente.
O que fazer no futuro?:
Cada vez mais, o papel do farmacêutico é reconhecido a nível hospitalar nas mais diversas áreas. No entanto, a sua atuação na área hospitalar é maioritariamente focada no doente, com menor intervenção nos restantes utentes, nomeadamente as grávidas e puérperas. Sendo o farmacêutico, o profissional de saúde responsável pelo medicamento é necessário amplificar o seu espetro de atuação de modo a abranger todas as pools de utentes, investindo cada vez mais numa atuação preventiva e pró-ativa.