Medicamentos Manipulados no Tratamento da Esofagite Eosinofílica – o preenchimento de uma Lacuna Terapêutica

Produção de Medicamentos em Farmácia Hospitalar


Instituição

Centro Hospitalar Universitário dp Porto

Autores:

António Mendes, Marta Tavares, Rosa Lima, Patrocínia Rocha

O que foi feito ?:

Os Serviços Farmacêuticos do CHUPorto, através da preparação de dois Medicamentos Manipulados, possibilitaram aos doentes com Esofagite Eosinofílica, assistidos pela instituição, um tratamento farmacológico direcionado a esta patologia. A preparação de duas formulações viscosas com budesonido, uma na forma de suspensão oral e outra na forma de gele oral, permitiram otimizar o tratamento anti-inflamatório na mucosa esofágica.

Porque foi feito ?:

Os corticóides tópicos deglutidos são uma das estratégias terapêuticas usadas na esofagite eosinofílica. O seu uso deve ser vetorizado, maximizando o tempo de permanência da forma farmacêutica na mucosa esofágica, permitindo uma otimização da ação anti-inflamatória do mesmo.
Não existe ainda nenhum medicamento industrializado comercializado, em Portugal, com indicação para esta patologia. A utilização de preparados efetuados no domicílio pela adição de ampolas para nebulização a espessantes e xaropes, bem como a deglutição de forma farmacêuticas pressurizadas ou em pó desenvolvidas para administração na via pulmonar, é frequente no tratamento desta patologia.
Os Medicamentos Manipulados apresentam-se como uma alternativa que permite a preparação de medicamentos com características reológicas adequadas e eficazes, seguros e com qualidade direcionados às necessidades especificas dos doentes.

Como foi feito?:

A identificação da lacuna terapêutica pela Unidade de Gastroenterologia do Centro Materno Infantil do Norte espoletou o desenvolvimento e introdução, por parte dos Serviços Farmacêuticos, da preparação de Medicamentos Manipulados adequados à patologia.
Foi efetuada uma pesquisa bibliográfica das formulações existentes e foi avaliada a existência de alternativas preparadas ao nível industrial. De acordo com a pesquisa e características reológicas pretendidas foram selecionadas duas formas farmacêuticas com características viscosas, consideradas como mais adequadas em termos reológicos às características da patologia. Desenvolveu-se um gele oral, mais espesso e que permite maior tempo de permanência no esófago, e uma suspensão oral mais fluida e mais adequada em casos de dificuldade na deglutição.
A escolha da composição teve em conta a disponibilidade de excipientes e a sua adequação à população alvo dos Medicamentos. Os excipientes selecionados permitem a preparação dos Medicamentos manipulados apresentam um custo médio mensal das matérias-primas de 5,74 euros para a suspensão oral e de 4,54 euros para o gele oral.

O que se concluiu?:

O desenvolvimento de formulações para administração oral com características reológicas adequadas permitiu obter Medicamentos com qualidade, segurança e eficácia. A preparação deste medicamento pelos Serviços Farmacêuticos permitiu administrar doses seguras, homogéneas e reprodutíveis.
A utilização em doentes seguidos pela Unidade de Gastroenterologia do Centro Materno Infantil do Norte permitiu aferir a adequação das características organoléticas em termos de sabor e consistência.
Na primeira de utilização dos Medicamentos foram incluídos consecutivamente 9 doentes, que registaram bom cumprimento terapêutico e referiram facilidade no seu uso. Do ponto de vista clínico registou-se uma resposta globalmente favorável, num dos doentes já quantificada do ponto de vista endoscópico, com reversão de uma estenose esofágica e com remissão histológica.

O que fazer no futuro?:

Os Medicamentos Manipulados preparados apresentam características que possibilitam a sua preparação nos Serviços Farmacêuticos dos Hospitais, enriquecendo o arsenal terapêutico das instituições e contribuindo para a diferenciação na terapêutica desta patologia.
A validação da estabilidade físico-química e microbiológica das preparações foi efetuada com base em estudos bibliográficos, nas boas praticas de preparação de Medicamentos Manipulados e das recomendações mais recentes da United States Pharmacopeia. No futuro pretendemos efetuar estudos próprios de estabilidade físico-química e microbiológica.
O desenvolvimento de estudos reológicos e o desenvolvimento de novas formas farmacêuticas otimizadas no sentido de maximizar o tempo de permanência do fármaco no esófago, com o objetivo de maximizar a libertação da substância ativa no local alvo.
Em termos clínicos serão necessários mais tempo e doentes selecionados para quantificar estatisticamente a resposta e validar esta opção na nossa população.

Palavras chave :

Budesonido
Medicamentos manipulados
Esofagite Eosinofílica
 
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