Instituição
SF-HEM CHLOAutores:
Ana Paróla, Margarida Pereira, Marina Lobo Alves, Helena Farinha, Erica Viegas, Ana Mirco, Fátima FalcãoO que foi feito ?:
O protocolo ERAS para cirurgia colorectal, emanado pela ERAS Society, foi adaptado ao departamento de cirurgia geral do CHLO com a colaboração de uma equipa multidisciplinar (anestesia, cirurgia geral, enfermagem, fisioterapia, nutrição e serviços farmacêuticos) após revisão bibliográfica das recomendações internacionais, uma vez que o Departamento de cirurgia do CHLO se propôs a certificação pelo organismo ERAS Society.
Porque foi feito ?:
O protocolo ERAS® (Enhanced Recovery After Colorectal Surgery) é um programa clínico de intervenção multidisciplinar em doentes cirúrgicos, com o objetivo de reduzir o stress cirúrgico, adotando uma série de intervenções no pré, no intra e no pós-operatório para esse efeito. Para tal, a ERAS® Society criou um sistema exclusivo de auditoria e feedback que apoia as equipas de cuidados peri operatórios através da implementação de mais de 20 estratégias baseadas em evidências, muitas das quais recorrem a medidas farmacológicas. O objectivo é garantir melhorias mensuráveis de resultados, como redução de complicações pós-operatórias e tempo de internamento hospitalar.
Este programa requer um grande esforço das equipas médicas e de enfermagem, de forma a garantir cumprimento de inúmeros parâmetros, tais como: introdução precoce de tromboprofilaxia; introdução da analgesia pós-operatória multimodal; evicção da utilização de opióides; retirada precoce de sonda nasogástrica no pós-operatório; utilização de protocolo de prevenção de hiperglicemia; prevenção de íleo pós-operatório e remoção precoce do cateter vesical, entre outras medidas.
Antes de Set/2021, (em fase de implementação do programa), verificou-se que a adesão ao protocolo ERAS foi díspar, conforme o parâmetro avaliado, observando-se maior taxa de adesão 100%) às seguintes medidas: administração de hidratos de carbono no período pré-operatório para evitar jejum pré-operatório prolongado; introdução atempada de profilaxia antibiótica, introdução da analgesia pós-operatória multimodal, e utilização de protocolo de prevenção de hiperglicemia.
Observou-se pior taxa de adesão às seguintes medidas: prevenção do íleos pós-operatório (56%), evicção de utilização de opióides no período pós-operatório (48%), mobilização precoce (56%), ou retirada precoce de cateter vesical 40%).
Os Serviços farmacêuticos foram chamados a intervir na revisão dos parâmetros do protocolo a cumprir, em conjunto com a equipa multidisciplinar, elaborando cronogramas/prescrições a introduzir no sistema informático de prescrição – CPC-Glintt.
Como foi feito?:
Da parte dos serviços farmacêuticos, foram elaboradas 5 prescrições pré-definidas, distinguindo período pré-operatório e pós-operatório para garantir adesão dos médicos-cirurgiões prescritores ao protocolo.
Nas prescrições pré-definidas para período pré-operatório foram incluídos: profilaxia antibiótica, quer em doentes sem alergia a penicilina ou com alergia a penicilina, em concordância com recomendações emanadas pela DGS, profilaxia de tromboembolismo venoso e esquemas de utilização de hidratos de carbono, através de suplementos glucídicos para evitar jejum pré-operatório prolongado.
No período pós-operatório, foi criada uma prescrição pré-definida, contendo medidas farmacológicas como reinício precoce de profilaxia do tromboembolismo, utilização de analgesia multimodal, com utilização precoce de analgesia por via oral, evicção da utilização de opióides; utilização de protocolo de prevenção de hiperglicemia, prevenção de íleo pós-operatório, com administração diária de bisacodilo e introdução precoce de suplementação proteica por via oral, para optimização da dieta. Como medidas não farmacológicas, foram incluídos os seguintes parâmetros: retirada precoce de sonda nasogástrica no pós-operatório; remoção precoce do cateter vesical, mobilização precoce, monitorização de parâmetros vitais e BM teste.
Todas as terapêuticas farmacológicas foram validadas pelos serviços farmacêuticos, no que concerne doses e intervalos posológicos sugeridos pela equipa multidisciplinar.
O protocolo final e respectivas prescrições pré-definidas foram aprovadas pela Comissão de Farmácia e Terapêutica.
O que se concluiu?:
Os médicos prescritores aderiram à prescrição pré-definida, reduzindo a carga de trabalho despendida a prescrever, garantindo 70% de concordância com o protocolo ERAS, conforme resultados de auditoria externa.
Para as equipas de enfermagem, a prescrição através de prescrição pré-definida permitiu a distribuição atempada de medicação e suplementos dietéticos, em concordância com os parâmetros definidos pelo protocolo ERAS.
A adesão ao protocolo ERAS e às medidas recomendadas tem como objectivo garantir uma melhor e mais rápida recuperação após a cirurgia colorretal. O farmacêutico contribuiu para a adaptação do protocolo ao serviço, integrando uma equipa multidisciplinar e promovendo o uso racional da terapêutica.
O que fazer no futuro?:
O departamento de cirurgia entrou no 1º ciclo de certificação, encontrando-se atualmente a divulgar os resultados da auditoria externa do CHLO, para garantir cumprimento acima de 80% do protocolo ERAS, nos doentes elegíveis para introdução neste programa.
Um dos objectivos dos Serviços farmacêuticos é rever a adesão a medidas do programa, após a implementação e utilização alargada das prescrições pré-definidas pelos médicos prescritores do CHLO e colaborar com as equipas para garantir máxima adesão às estratégias farmacológicas propostas pela ERAS Society.
Palavras chave :
Equipa Multidisciplinarcuidados peri-operatórios