Instituição
ULS Santo AntónioAutores:
Luísa Álvares, Sara Brandão Madureira, Diana Monteiro, Patrocínia RochaO que foi feito ?:
Otimização do método de administração de oxodotreótido de lutécio (177Lu), para maximizar a radioatividade administrada e aumentar a proteção dos profissionais de saúde.
Porque foi feito ?:
O oxodotreótido de lutécio (177Lu) tem indicação no tratamento de tumores neuroendócrinos gastro-entero-pancreáticos positivos para o recetor de somatostatina de subtipo 2 (SSTR2), bem diferenciados G1 e G2, progressivos, não operáveis ou metastáticos. Este radiofármaco atua nas células com sobre-expressão de SSTR2 emitindo radiação que leva à morte celular.
O Resumo das Características do Medicamento (RCM) contempla vários métodos, incluindo o método de gravidade para administração intravenosa. Este consiste num sistema de duas agulhas, uma delas ligada a uma solução de NaCl 0,9%, com ou sem bomba de perfusão, que através da gravidade força o fluxo do radiofármaco. Dadas as condições de radioprotecção e o material existentes na instituição este foi o método adotado. A administração do radiofármaco na instituição é realizada por uma equipa multidisciplinar, incluindo médicos nuclearistas, enfermeiros e físicos. Ao longo do tempo existiram várias intercorrências na administração, como derrames, tendo a equipa farmacêutica, com o seu conhecimento técnico-científico, otimizado o método de modo a evitar essas situações.
Como foi feito?:
1. Em outubro de 2022 foi realizada a primeira administração usando o método descrito no RCM.
2. No sexto e nono tratamento, o radiofármaco não perfundiu, obrigando à transferência do mesmo para uma seringa e à sua administração pelo método de bomba de seringa. Isto aumenta a manipulação, a exposição dos profissionais à radiação e condiciona a administração da totalidade da dose ao doente. Dada a inexistência de barreiras de proteção adequadas, este método não pode ser adotado.
3. Nos tratamentos seguintes foi introduzida uma bomba de perfusão para regular o fluxo da solução de NaCl 0,9%. Esta modificação não eliminou na totalidade as dificuldades na perfusão.
4. Em maio de 2024, introduziu-se uma torneira de três vias ligada à agulha curta. A terceira via adicional permite acoplar uma seringa de modo a forçar a entrada de ar e, consequentemente, o fluxo de radiofármaco. Esta otimização resolve os problemas verificados na administração como derrames e não perfusão do radiofármaco, que não voltaram a ocorrer.
Até ao momento foram realizados 23 tratamentos com oxodotreótido de lutécio (177Lu). Na primeira administração a percentagem de radioatividade remanescente no frasco, finda a administração do radiofármaco, foi de 2,19%. Após a otimização do método de administração, a média desse valor é de 0,98%.
O que se concluiu?:
Após otimização do método, verifica-se uma tendência decrescente dos valores remanescentes de radiofármaco, garantindo a administração da totalidade da dose.
Esta otimização permite-nos ainda, em caso de não perfusão, manter o método de administração sem necessidade de manipulação extra, diminuindo não só a exposição dos profissionais, mas também o risco de contaminação do radiofármaco, dada a permanência do mesmo no frasco original, tal como indicado no RCM. Assim, o farmacêutico teve um papel interventivo e importante no tratamento de tumores neuroendócrinos através da administração de oxodotreótido de lutécio (177Lu).
O que fazer no futuro?:
Neste momento, a instituição realiza outros tratamentos com o mesmo radionuclídeo para outras indicações, sendo possível transpor o método otimizado para esses tratamentos.
Palavras chave :
Oxodotreótido de lutécio (177Lu)Radiofarmácia
Otimização