Instituição

ULS Santa Maria- Unidade de Farmácia Pediátrica; iMed research UL

Autores:

Filipa Cosme Silva; Mª Marcelino; André Mendes Graça; António Almeida, Joana Marto

O que foi feito ?:

Este projeto pretende ser uma resposta personalizada às necessidades terapêuticas de uma população tão especial como a pediátrica. Assim, pretendeu-se desenvolver e otimizar formulações à base de amido (veículo), adequadas para a tecnologia de impressão 3D. Para tal, selecionaram-se vários tipos de amido (milho, batata, trigo), em diferentes concentrações, com o intuito de otimizar as condições de impressão.

Porque foi feito ?:

A produção de medicamentos manipulados não é um assunto do passado. A necessidade de os produzir continua premente, principalmente em populações como a pediátrica, geriátrica e em áreas como dermatologia, oncologia, cuidados paliativos, entre outros.
Relativamente à população pediátrica, existem poucas formulações no mercado verdadeiramente adaptadas às suas necessidades. Tal pode ser por ausência de uma forma farmacêutica adequada, dosagem, excipientes, dispositivos de administração, entre outros. Mesmo quando existe uma formulação pediátrica disponível como especialidade farmacêutica ou como medicamento manipulado, são várias as situações em que a sua utilização pode não ser recomendada. Numa primeira fase deste projeto, avaliou-se a osmolalidade das principais formulações líquidas orais utilizadas no serviço de neonatologia da ULS Santa Maria, e concluiu-se que das 16, apenas uma tinha uma osmolalidade adequada a esta população (solução de citrato de cafeína). Deste modo, urge produzir novos medicamentos verdadeiramente adaptados, com possibilidade de adequar a dosagem, alterar a forma farmacêutica, com excipientes seguros (e na menor quantidade possível) e fáceis de administrar e produzir. Surge então a ideia de utilizar a tecnologia de impressão 3D para dar resposta à necessidade de produzir medicamentos para esta população.

Como foi feito?:

O amido foi o excipiente selecionado por ser adequado à população pediátrica e neonatal. Selecionaram-se diferentes tipos de amido a diferentes concentrações. Posteriormente, procedeu-se a um estudo reológico (Reómetro Kinexus Lab+ (Malvern Instruments, Malvern, UK) e fez-se uma sequência de temperatura controlada e frequência única; Geometria prato-prato;
T=25ºC – 80ºC; Frequência=1%; Taxa=2ºC/min. O intuito era perceber qual o comportamento das várias formulações quando submetidas a diferentes temperaturas e assim selecionar a temperatura de impressão mais adequada.
Depois dos resultados obtidos na reologia, procedeu-se à impressão 3D destas formulações. Para tal, utilizou-se a impressora Gelx (Portugal), Ponteira 21G e imprimiu-se a 30º. Em acréscimo, testou-se a impressão incorporando uma substância ativa.

O que se concluiu?:

Durante a elaboração deste projeto concluiu-se que é possível imprimir comprimidos porosos e multicamadas, utilizando formulação de amido de milho e amido de trigo (em diferentes concentrações), e ainda, que é possível incorporar diferentes substâncias ativas.
Concluiu-se ainda que o amido sofre um processo de retrogradação, ou seja, que após aquecimento, existe uma recristalização do amido gelatinizado, levando a estruturas mais ordenadas e maior estabilidade. Tal é importante para determinar o processo mais adequado para produzir estes medicamentos à base de amido.
Em acréscimo, o processo de produção revelou ser simples e possível de adaptar às condições de produção em ambiente hospitalar.

O que fazer no futuro?:

Futuramente, pretende-se caraterizar as formulações obtidas, ou seja, fazer uma avaliação dos carateres organolepticos, avaliação do pH, texturometria, uniformidade de massa e teor e estabilidade físico-química e microbiológica. Pretende-se ainda testar a incorporação de mais substância ativas.
Numa fase ulterior, pretende-se adaptar este projeto ao ambiente hospitalar e iniciar a produção de medicamentos in loco.

Palavras chave :

Impressão 3D,
Personalização da Terapêutica
Medicamentos manipulados
Pediatria