O papel do farmacêutico hospitalar nos ensaios clínicos: gestão das atividades extra-logisticas no circuito do medicamento experimental

Gestão de Farmácia Hospitalar


Instituição

Hospital da Luz Lisboa

Autores:

Carolina Marques, Joana Simões, Cátia Pereira, Eugénia Marques, Miriam Capoulas, Jesus Cotrina Luque

O que foi feito ?:

Analise da intervenção extra-logística do farmacêutico hospitalar nos ensaios clínicos e o seu potencial impacto na otimização do medicamento experimental.

Porque foi feito ?:

A monitorização ativa limitada dos doentes submetidos a fármacos experimentais pode conduzir a riscos significativos. O farmacêutico, enquanto especialista do medicamento, com envolvimento em equipas multidisciplinares, deve desempenhar funções neste âmbito. Esta revisão foi estruturada dada a escassa evidência sobre a intervenção do farmacêutico e os ganhos em saúde nos doentes em tratamento com medicamentos experimentais.

Como foi feito?:

Foi elaborada uma revisão sistemática baseada em pesquisa bibliográfica em março de 2024 em 3 bases de dados: MEDLINE (PubMed), EMBASE e Google Scholar.
A seleção baseou-se em: estudos que descrevessem a intervenção farmacêutica em ensaios clínicos; que avaliassem potenciais resultados clínicos de doentes com medicamentos experimentais em termos de eficácia e/ou segurança; que analisassem a exequibilidade dos procedimentos implementados; que identificassem alterações de padrão no processo do medicamento experimental em termos de custo ou perceção do doente. Os critérios de exclusão considerados foram: estudos que não envolvessem farmacêuticos ou que analisassem as atividades extra-logísticas dos farmacêuticos; estudos farmacoeconómicos; textos completos indisponíveis ou que não se encontrassem redigidos em português, inglês, francês ou espanhol.

O que se concluiu?:

Dos 146 estudos que cumpriam os critérios, apenas 18 foram incluídos na revisão final. As intervenções farmacêuticas descritas estavam relacionados com a avaliação da adesão, a farmacovigilância, o aumento da literacia em saúde, a reconciliação farmacêutica, a investigação, a consulta farmacêutica e o recrutamento.
Da nossa análise verificou-se que 4 estudos (22,2%) demonstraram que a intervenção farmacêutica poderá desempenhar um papel importante no recrutamento de participantes.
O possível aumento da adesão foi mencionado em 3 estudos (16,7%), sendo que, em 2 deles (11,1%) referiram que a intervenção farmacêutica pode otimizar o processo do medicamento experimental.
É de referir ainda que, outros estudos, demonstraram a efetividade do envolvimento farmacêutico com a deteção de 346 interações medicamentosas, uma redução de 25% nos erros de medicação e de prescrição e aumento do número de consultas farmacêuticas de 16,3% para 44,5%, identificando erros de medicamentos experimentais que poderiam não ter sido detetados.

O que fazer no futuro?:

Existe de facto evidência sobre a necessidade do envolvimento do farmacêutico hospitalar em todo o processo do medicamento experimental. É necessário realizar ensaios controlados e aleatórios para verificar a otimização do circuito do medicamento experimental, o que poderia levar à publicação de diretrizes ou de uma lista de verificação validada para orientar o trabalho do farmacêutico nesta área. Isto é crucial para garantir a segurança dos doentes no que respeita a estas terapêuticas de alto risco.

Palavras chave :

Intervenção farmacêutica
Medicamento Experimental
Farmacêutico Hospitalar
Ensaios Clinicos
Revisão Sistemática
 
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