Experiência do uso de Bictegravir/emtricitabina/tenofovir alafenamida na profilaxia pós-exposição de HIV

Infecciologia


Instituição

Hospital da Luz de Lisboa

Autores:

Loja H., Cotrina Luque J., Loba A., Simões J., Silva AR., Marques E., Beirão Catarino M.H., Fernandes L., Cavalheiro M., Rei MJ., Silva P.B., Colaço A., Marques C., Pereira C., Glória F., Branco J., Rosado N., Capoulas M., Santos C.

O que foi feito ?:

Foi feito um estudo retrospetivo e observacional que incluiu doentes com prescrição de Bictegravir/Emtricitabina/Tenofovir alafenamida na indicação de profilaxia pós-exposição para HIV com o objetivo de analisar a efetividade e segurança em contexto clínico.

Porque foi feito ?:

Em 2019, foi aprovada a associação terapêutica de Bictegravir 50 mg/Emtricitabina 200 mg/Tenofovir alafenamida 25 mg (BIC/ETN/TAF) para o tratamento da infeção por HIV-1 em doentes adultos e pediátricos.
Recentemente tem vindo a ser utilizada na profilaxia pós-exposição (PPE), no entanto há pouca evidência acerca da sua utilização em contexto clínico.
O objetivo do trabalho foi descrever a experiência do uso de BIC/ETN/TAF em contexto PPE em um hospital privado e avaliar sua efetividade clínica e segurança.

Como foi feito?:

Estudo retrospetivo e observacional, desenvolvido num hospital privado entre julho e dezembro de 2023. Foram incluídos todos os doentes com prescrição, no âmbito do serviço de urgência, de BIC/ETN/TAF.
As variáveis analisadas foram demográficas (género e idade), indicação clínica em contexto PPE, tempo até início do tratamento após o contacto de risco, interações de categoria D e X com fármacos utilizados em ambulatório (de acordo com o Lexicomp ®), as eventuais ações que tomadas em consequência destas interações, presença de anticorpos HIV-1/2 e do antigénio p24 no final do tratamento e eventuais efeitos adversos reportados.
Uma consulta farmacêutica foi feita no ato da dispensa e outra na semana que se seguiu. O acompanhamento foi feito, quando possível, ao longo de 6 meses.
Todos os dados foram obtidos a partir da história clínica e do software de prescrição eletrónico (SOARIAN®). Os dados do acompanhamento foram recolhidos com auxílio do Microsoft Forms® e analisados no Microsoft Excel®.

O que se concluiu?:

Como resultados, 10 doentes foram incluídos, 5 mulheres (50%), com uma idade média de 36 anos (27-66). 6 destes (60%) tiveram uma exposição acidental devido ao manuseamento de materiais corto-perfurantes, 3 (30%) tiveram contacto de risco sexual prévio e 1 (10%) teve contacto com sangue de uma pessoa HIV+ durante uma briga. 8 (80%) receberam terapêutica antes das 24h após o contacto de risco e 2 (20%) 24-48h após. As potências interações farmacológicas registadas com medicação de ambulatório foram 4 (em 2 doentes), todas de categoria D, com sulfato ferroso, aspartato de magnésio, acetato de zinco e clonixina pelo que estes fármacos foram descontinuados durante o tratamento com BIC/ETN/TAF.
A presença de anticorpos HIV1/2 e do antigénio p24 foi negativa em 5 doentes (50%) um mês após o início da terapêutica, com perda de informação de 5 (50%). 1 (10%) reportou efeitos adversos, dos quais náuseas e vómito matinal, pelo qual culminou na adição de metoclopramida em SOS.

Como conclusão, BIC/ETN/TAF parece ser efetivo e seguro na PPE.
Esta informação vai ao encontro com a pouca evidência publicada que demonstra superioridade em termos de segurança em comparação com os regimes de antirretrovirais clássicos.
Estar alerta para interações, tais como com suplementos eletrolíticos e AINEs é crucial no tratamento destes doentes, pelo que a consulta farmacêutica é um elemento-chave para garantir a otimização destes regimes terapêuticos.

O que fazer no futuro?:

Para o futuro é necessário continuar a comprovar a efetividade e segurança de novos fármacos de modo a criar evidência em contexto clínico que suporte o seu uso a nível terapêutico, ou que pelo contrário demonstre que é necessário encontrar novas alternativas.
A consulta farmacêutica no ato da dispensa e seguimento do doente durante o tratamento é crucial, uma vez que poderá permitir não só diminuir a probabilidade de eventuais efeitos adversos como aumentar a efetividade e desta forma conseguir otimizar-se estes regimes terapêuticos.

Palavras chave :

HIV
Profiláxia pós-exposição
Bictegravir/emtricitabina/tenofovir alafenamida
Contexto Clínico
 
ORDEM DOS FARMACÊUTICOS
Rua da Sociedade Farmacêutica 18,
1169-075 Lisboa

TELEF: 213 191 382 - Fax. 213 191 399
Email: colegios.especialidade©ordemfarmaceuticos.pt

© ORDEM DOS FARMACÊUTICOS - COLÉGIOS DE ESPECIALIDADE