Terapia Fágica - Um Desafio da Farmácia Hospitalar

Produção de Medicamentos em Farmácia Hospitalar


Instituição

Unidade Local de Saúde Gaia e Espinho

Autores:

Ana Cardoso, Carolina Almeida, Inês Figueira, Luísa Sousa

O que foi feito ?:

Elaboração de um protocolo de preparação e administração de fagoterapia por nebulização e por via endovenosa.

Porque foi feito ?:

A Terapia Fágica remonta ao ano de 1920, tendo caído em desuso com o exponencial desenvolvimento dos antibióticos. Pelo uso inadequado dos mesmos, o aparecimento de multirresistências é atualmente considerado um dos mais relevantes problemas de saúde pública a nível global.
Os fagos, também conhecidos como bacteriófagos, são vírus inofensivos para o Homem, capazes de destruir bactérias ao interferir com o seu normal metabolismo. Na ausência de outras opções, esta terapêutica dirigida poderá ser uma alternativa vantajosa e eficaz, nomeadamente pelo seu custo reduzido e ausência de efeitos secundários, a somar ao facto de não originar resistências cruzadas aos antibióticos.
Na presença de um doente com uma infeção multirresistente aos antibióticos disponíveis, a equipa médica solicitou aos Serviços Farmacêuticos a preparação de Fagoterapia para administração por nebulização e por via endovenosa, na tentativa de eliminar o agente infecioso.

Como foi feito?:

Após a receção de uma suspensão de fagos com a concentração 10^10 PFU/ml, fornecida pelo Laboratório de Tecnologia Genética (Laboratory of Gene Technology), procedeu-se à diluição da mesma em cloreto de sódio 0,9% para obtenção de uma solução-mãe a 10^8 PFU/ml.
Para administração por nebulização, foram preparadas alíquotas unidose de 4ml da solução-mãe, acondicionadas em frasco de colírio estéril. A posologia prescrita foi de uma nebulização quatro vezes por dia (sem término definido).
Para a administração por via endovenosa, foi preparada uma solução diluída a 10^7 PFU/ml a partir da solução-mãe. A posologia prescrita foi de uma perfusão diária durante seis semanas.
Garantindo as Boas Práticas Clínicas e de Fabrico, esta preparação deverá ser assegurada pelos Serviços Farmacêuticos em Câmara de Fluxo Laminar e condições asséticas.

O que se concluiu?:

Apesar de uma pesquisa bibliográfica exaustiva, existe ainda uma escassez de dados em relação à manipulação desta alternativa terapêutica.
No caso concreto existente na nossa Instituição, a utilização da fagoterapia tem-se revelado uma mais-valia uma vez que permitiu a manutenção (e não degradação) do estado de saúde do doente. À semelhança deste caso, a utilização desta linha terapêutica poderá demonstrar-se igualmente benéfica em casos futuros e similares.

O que fazer no futuro?:

Na ausência de mais dados documentados, foi criado um protocolo padronizado com base nas evidências. É nossa intenção avaliar o impacto desta intervenção, na perspetiva do doente e da Instituição.

Palavras chave :

Fagoterapia
protocolo
Fago
 
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